terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Olhar alguém com amor, de perto ou de longe, é um jeito instantâneo de prece"

Acredito que a natureza humana é essencialmente amorosa e que quando não demonstramos isso é porque há nuvens muito espessas escondendo o nosso sol. Nuvens de medo, dor, raiva, confusão. Mas o sol está lá, preservado, o tempo todo. Em algumas pessoas, mais do que em outras, parece que as nuvens demoram muito tempo a se dissipar, é verdade. Às vezes, podem até não dissipar durante uma vida inteira, é verdade também. Mas, à medida em que começamos a abrir o nosso coração, é inevitável não sentir que ser amáveis e cuidadosos uns com os outros não é um favor, uma concessão. Inevitável não sentir que o gostinho bom de dar amor é tão saboroso quanto o de recebê-lo.
Aquela não foi uma exceção. De vez em quando, eu cumprimento, sim, pessoas desconhecidas. Ofereço sorrisos, olhares generosos, pequenas delicadezas. Há quem pareça se assustar e sequer retribua, o coração contraído demais para a gratuidade do gesto. Tem vez também em que oferto uma outra espécie de presente, que quem recebe jamais saberá que eu dei. Pode ser para alguém que eu sinta estar triste ou para alguém que eu perceba estar muito feliz, não importa. Não há lógica nem regra a ser seguida. Sem fazer ruído, a minha vida dirige para aquela pessoa a intenção de que a vida dela seja abençoada. Simples assim. Olhar alguém com amor, de perto ou de longe, é um jeito instantâneo de prece, eu acho.

Ana Jácomo

Um comentário:

  1. Nao conhecia esse texto de Ana e nem sei pq eu me surpreendo pelas delicadezas que ela escreve... coisa mais linda!
    "Ofereço sorrisos, olhares generosos, pequenas delicadezas. Há quem pareça se assustar e sequer retribua, o coração contraído demais para a gratuidade do gesto..."
    Eu faco a minha parte, nao me importo se irao retribuir ou nao, as pessoas só dao o que tem! :)
    Saudades de vc amiga!

    ResponderExcluir