domingo, 19 de dezembro de 2010

"Não temo o conflito, temo o silêncio que impede o encontro."

Penso. Os problemas de comunicação, áh, os problemas de comunicação. Ninguém diz o fundamental, mas por que afinal? Todo mundo diz por ai, com tanta facilidade, tanta merda e o fundamental que é bom mesmo, ninguém diz.
E o fundamental pra mim? Bom, a Lilia descobriu ali com a perda da grande amiga, e aquele papo de tudo o que eu queria dizer e não disse. Essa eu aprendi cedo, bem cedo, em dose dupla.
Quando adolescente perdi, em um intervalo de 6 meses duas pessoas importantes, com as quais eu estava, na minha arrogância adolescente, "brigada". Supondo que houvesse tempo, supondo que daqui a pouco mais nos acertaríamos. Minhas suposições estavam erradas. Não temos tempo, viver é agora, não existe depois. Aprendi.
E com isso aprendi a expressar o que importa, portanto, tentar comunicar as pessoas o que eu sinto. E eu que já nasci com poucas travas na língua, expresso. O que implica encontros e desencontros, amor e confrontos. Por que além de expressar o fundamental aprendi também a não deixar meus conflitos para amanhã, e isso significa, algumas vezes, entrar em confronto com quem eu amo.
Não tolero os silêncios. Aquilo que fica circulando tenso e ninguém tem coragem de dizer, eu digo. Se eu tenho um problema com alguém eu digo, porque aprendi, o amanhã é uma ficção. Por que só existe a possibilidade de acerto se as coisas forem conversadas, se não me (des)acertar com o outro na hora que a coisa rola, amanhã não sei se estarei ali para resolver. Algumas coisas precisam de um certo tempo para amadurecer e serem comunicadas, é verdade, já outras vão amadurecer no encontro com o outro, que, as vezes, pode ser tenso.
Não temo o conflito, temo o silêncio que impede o encontro. Pra mim impede, é parcial. Você lá, sofrendo, fantasiando um monte de coisa e o outro, da mesma forma. Bom, comunica, rompe com a fantasia, resolve ou não, mas segue em frente.
Ensino isso aos meus filhos, a vida é hoje, amanhã não sei. E acredito, firmemente, que onde há afeto existe uma malha que sustenta os conflitos. Se a malha rompe, talvez não houvesse afeto suficiente. O afeto tem que comportar conflitos e discordânicas.
Não quero lamento no meu caixão "ai eu queria tanto ter dito isso a ela, o quanto a amava, o quanto ela era importante, ou pior, queria ter me desculpado...,blá,blá,blá". Também não quero fazer isso no caixão de ninguém. O momento é agora, sem malas de culpa ou mágoas. Fala agora ou se cale para sempre. Não posso te ouvir do céu. Fato.
E convenhamos, na era da virtualidade, só não diz o fundamental quem não quer. Tudo bem que ao vivo tem mais valor, mas óh, escreve, fecha os olhos e aperta, dai não tem volta. Foi. e você não vai se lamentar no caixão, vai pensar, "eu disse, ufa". Eu digo, digo mesmo. vou.


 

Andréa Beheregaray



p.s.: Meuuu, meuuuu, muito meu..hehehe

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