quinta-feira, 10 de março de 2011

Eu escolho a palavra...

 
 

Entre um cigarro e uma fresta de desespero, eu escolho a palavra. Tenho raiva de dores que me calam fundo. Filha de Iansã dos Ventos, eu mudo a direção das chuvas se pretendo outro tempo ou momento. Meu corpo é cais e mar aberto. Meu coração é caos, céu encoberto. Minha mente, esse relâmpago de luz.A escolha é sempre extrema.Não me comovem tuas palavras tão amenas.Então que minha sede traga tempestades e que meus seios incitem teus maiores incêndios. Não gosto de superfícies ilesas, eu busco o de dentro. Posso transformar tristeza em raiva pra sentir mais força. Posso afogar minha doçura num rio de águas tão enjoativas. Mas sei reverenciar o mar que temo.E quando eu te tiver nos braços, Obaluaiê, me escuta: você terá a realidade dos teus sonhos. Não pretenda minha fúria, queira-me mansa.Não pretenda minha mansidão, queira-me intensa. Perceba quando eu digo um sim dentro de um não.
E quando eu te tiver nos braços, Obaluaiê, me escuta: só te restará a escolha entre a tempestade e o furacão.
 
 
Marla de Queiroz

3 comentários:

  1. Muito prazer, Claudia. Prazer em conhecer um blog tão intenso em palavras e idéias! Bacana demais... (tornaquemtues.blogspot.com) Abraço, Claudia

    ResponderExcluir
  2. Me vi muito nesse texto, maravilhoso! Exatamente muito do que sou!

    ResponderExcluir